domingo, 23 de maio de 2010

Anne Frank e os judeus: eles só queriam viver em paz.

Em 12 de junho deste ano de 2010, Anne Frank completaria 81 anos de idade se estivesse viva.
Anne Frank foi uma menina, de família judia, que nasceu em Frankfurt am Main, na Alemanha, em 12 de junho de 1929. Ela ficou conhecida no mundo inteiro por escrever sua história em um diário.
Ao começarem as perseguições nazistas, ela e sua família se exilaram em Amsterdam, na Holanda, em 1933. Em 1940, o exército alemão ataca a Holanda. Era tempo da Segunda Guerra Mundial e os alemães estavam prendendo os judeus e os enviando para os campos de concentração. A família se esconde no “anexo secreto” durante dois anos, período durante o qual Anne Frank escreveu o diário. A casa onde foi o esconderijo da família, hoje Anne Frank House, pode ser visitada.
Anne Frank ganha o diário no seu aniversário de treze anos e o transforma em seu confidente e amigo, contando principalmente sobre sua vida no “anexo secreto”, onde esteve escondida juntamente com seus pais, sua irmã e mais quatro judeus, amigos da família. Ela escreve tudo no diário, desabafa sua raiva, sua mágoa, conta sobre seu amor por Peter, filho do casal que morava com eles, escreve sobre seus ideais, seus planos futuros, etc.
Em 1944, os nazistas descobrem o esconderijo. Anne Frank é levada para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Ela vive mais sete meses depois da sua prisão e, em 1945, com apenas quinze anos, morre de tifo, doença infectocontagiosa e fatal, duas semanas antes de soldados britânicos libertarem o campo.
Os nazistas mantinham milhares de judeus presos em campos de concentração sem alimentá-los e em precárias condições sanitárias. Milhares de prisioneiros morreram de fome e de doenças. Quando os ingleses descobriram os campos de concentração, muitos sobreviventes estavam terrivelmente doentes e não havia tempo suficiente para dar um funeral descente para todos os mortos, sendo os corpos jogados em grandes valas.
O pai de Anne Frank sobrevive ao holocausto e foi quem, retornando a Amsterdam, encontra o diário e resolve publicá-lo como um livro de verdade, com o título “O anexo secreto”, vontade já manifestada pela menina em seus escritos.
Esse simples diário de uma adolescente se transformou num comovente testemunho do terror nazista e foi traduzido para diversos idiomas, sendo um dos livros mais vendidos do mundo.

Alguns escritos do diário:

20 de junho de 1942

Meu pai já tinha trinta e seis anos quando se casou com minha mãe, a qual tinha vinte e cinco. Minha irmã, Margot, nasceu em 1926, em Frankfurt am Main. E eu em 12 de junho de 1929. Sendo cem por cento judeus, emigramos para a Holanda em 1933, onde meu pai foi nomeado diretor da Travis N.V., firma associada à Kolen & Cia. de Amsterdã. O mesmo edifício albergava as sociedades das quais meu pai era acionista. Desde então, a vida não estava livre de emoções para nós, pois o restante de nossa família ainda encontrava-se defendendo das medidas hitleristas contra os judeus. À raiz das perseguições de 1938, meus dois tios maternos fugiram e chegaram sãos e salvos aos Estados Unidos. Minha avó, então de setenta e três anos, reuniu-se conosco. Depois de 1940, nossa boa época terminaria rapidamente diante de tudo: a guerra, a captura, e a invasão dos alemães, levando-nos à miséria. Disposição atrás de disposição contra os judeus. Os judeus eram obrigados a levar a estrela, a ceder suas bicicletas. Proibição dos judeus de subir num bonde, de dirigir um carro. Obrigação para os judeus de fazerem suas compras exclusivamente nos estabelecimentos marcados com o letreiro: “Comércio Judeu”, e, das 15:00 às 17:00 horas apenas. Proibição para os judeus de saírem depois das 8:00 da noite, nem sequer a seus jardins - ou ainda - de permanecer na casa de seus amigos. Proibição para os judeus de praticarem exercícios em qualquer esporte público: proibido o acesso à piscina, à quadra de tênis e de hóquei ou a outros lugares de treinamento. Proibição para os judeus de visitarem aos cristãos. Obrigação para os judeus de irem a escolas judias, e muitas outras restrições semelhantes.

9 de outubro de 1942

Hoje não tenho que dar a conhecer a não ser notícias deprimentes. Muitos de nossos amigos judeus são pouco a pouco embarcados pela Gestapo, a qual não anda com contemplações. São transportados em furgões de gado à Westebork, ao grande campo para judeus, em Dentre. Westebork deve ser um pesadelo. Centenas e centenas estão obrigados a se lavarem em um só quarto; e faltam banheiros. Dormem uns em cima dos outros, amontoados em qualquer canto. Homens, mulheres e crianças dormem juntos. Nem falemos dos costumes: muitas das mulheres e garotas estão grávidas. Impossível fugir. A maioria está marcada pela cabeça raspada, e outros, além do mais, por seu tipo judeu. Se isto ocorre na Holanda, como será nas regiões longínquas e bárbaras das que Westebork não é mais que o vestíbulo? Nós não ignoramos que essa pobre gente será massacrada. A rádio inglesa fala de câmaras de gás. Depois de tudo, talvez seja melhor morrer rapidamente. Isso me deixa doente.

19 de novembro de 1942

Poderíamos fechar os olhos ante toda esta miséria, mas pensamos nos que nos eram queridos, e, para os quais tememos o pior, sem poder socorrê-los. Em minha cama, bem coberta, sinto-me menos do que nada quando penso nas amigas que mais gostava, arrancadas de suas casas e metidas naquele inferno. Tenho medo só de pensar que aqueles que estavam tão próximos de mim se encontrem agora nas mãos dos carrascos mais cruéis do mundo, pelo simples fato de serem judeus.

13 de janeiro de 1943

O terror reina na cidade. Noite e dia, transportes incessantes dessa pobre gente, provida apenas de uma bolsa no ombro e de um pouco de dinheiro. Estes últimos bens lhes são tirados no trajeto, segundo dizem. As famílias são separadas, agrupando a homens, mulheres e crianças. As crianças ao voltarem da escola, já não encontram a seus pais. As mulheres ao voltarem do mercado encontram suas portas seladas e notam que suas famílias desapareceram. Também corresponde aos cristãos holandeses: seus filhos são enviados obrigatoriamente à Alemanha. Todo mundo tem medo. Centenas de aviões voam sobre a Holanda para bombardear, e deixam em ruínas as cidades alemãs. E a cada hora centenas de homens caem na Rússia e na África do Norte. Ninguém está seguro. O globo inteiro se encontra em guerra, e, ainda que os aliados vençam a guerra, todavia não se vê o final. Poderia seguir durante horas falando da miséria ocasionada pela guerra, mas isso me desalenta mais e mais. Não nos resta mais que suportar e esperar o término destas desgraças. Judeus e cristãos esperam; o mundo inteiro espera. E muitos esperam a morte.


A visão de Anne Frank sobre a guerra e o ideal nazista de limpeza étnica motiva a discussão sobre os direitos humanos, o respeito à diferença e a tolerância em nome da paz.
O holocausto contra os judeus, considerados indesejáveis pelo regime nazista de Adolf Hitler, é considerado um dos maiores crimes praticados contra a humanidade. É revoltante pensar que um governo, o qual deve-se se destinar a manter a paz e a ordem na sociedade, trabalhando para o bem geral de todos, é capaz de impor uma ditadura absoluta alimentada por uma ideologia racista.
Qual foi o critério utilizado para estabelecer a superioridade de uma raça, chamada de ariana, pura, sobre outros grupos étnicos? E é legítimo um poder que manda exterminar um grupo simplesmente porque ele é diferente? Os judeus foram reduzidos a nada, submetidos a humilhações nas ruas, tiveram seus direitos sabotados, não podiam exercer sua profissão, não conseguiam vender, porque o Governo ordenava a população que não comprasse deles, eram torturados fisicamente e psicologicamente, perseguidos para serem presos e mortos.
O ódio aos judeus, de fundo religioso, antecede o regime hitlerista, mas foi neste que ele ganhou maior força, chegando a barbárie do holocausto.
Mais espantoso é pensar que mesmo com grandes exemplos de violência, como este a que foram submetidos os judeus, ainda exista tanta intolerância entre povos, raças, entre religiões e culturas diferentes. Nós, como seres humanos em busca constante da felicidade, e, ainda, como operadores do Direito, temos a missão de, cada vez mais, reafirmar os valores da igualdade entre os povos, da não discriminacao, da não violência, da paz mundial, da união entre os povos para o progresso, dentre outros, de modo a evitar cometer os mesmos erros do passado.

Fontes:
http://www.ufmg.br/nej/modules/content/index.php?id=78
http://www.annefrankguide.net/pt-BR/default.asp?resetculture=1&showsplash=1
http://www.amisrael.org.il/pt/?p=3413
http://www.saltlakemagazine.com/Blogs/Kid-Friendly/April-2010/Anne-Frank-039s-Story-in-SLC/Anne.jpg


2 comentários:

  1. Que pena...
    EStou a procura da anne frank caracterizada fisicamente e psicologicamente.
    E nao encontro!!!!!

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