segunda-feira, 24 de maio de 2010

“As pessoas não são perturbadas pelas coisas, mas pelo modo como as vêem.” Epíteto

Até chegar a universidade o vocabulário de um ser humano pode abarcar até 80 mil palavras. As línguas são ensinadas na escola e na vida em geral, mas é possível que uma pessoa passe toda sua existência sem saber expressar os próprios sentimentos ou sem compreender os dos outros. O analfabetismo emocional prejudica também o contato do homem consigo mesmo e faz surgir inúmeros conflitos que muitas vez irão parar nas prateleiras de secretarias e gabinetes. O direito será capaz de resolver superficialmente as demandas, mas não chegará, na maioria dos casos, nas bases de muitos dos problemas: as falhas de comunicação. Li esses dias um artigo sobre o assunto que, apesar de um certo ar de auto-ajuda que costumo evitar, achei bem interessante. Trata-se do trabalho de Marshall B. Rosenberg, chamado “Comunicação Não Violenta” (CNV).
Vivemos numa era de grande hostilidade, ainda abarrotada de preconceitos, julgamentos, rótulos e mal entendidos de toda sorte. A teoria da CNV acredita que a comunicação pode ser reformulada para funcionar como o meio mais econômico e de fácil aplicação para uma convivência pacifica e enriquecedora entre os seres. “Há uma diferença importante entre as pessoas se unirem para atacar um problema e se unirem para atacarem umas às outras.” A comunicação alienada seria fruto de sociedades baseadas em sistemas de hierarquia e dominação. Era do interesse de reis, imperadores, czares etc. que as massas fossem educadas para atribuírem a instâncias exteriores – autoridades eclesiásticas, juízes, leis – a definição de certo ou errado, bom ou mau. Um homem em contato com os próprios pensamentos, sentimentos e necessidades deixa de ser um homem fácil de dominar.

Disponibilizo um trecho do livro “Comunicação não-violenta” da editora Ágora:


“Uma linguagem inadequada pode obscurecer a consciência da responsabilidade que uma pessoa assume consigo e com os outros. A comunicação não-violenta considera que cada indivíduo é o único responsável pelo que faz e pelo próprio estado emocional. O que as outras pessoas dizem ou fazem são apenas estímulos e não a causa do que alguém sente. Uma pessoa nega sua responsabilidade pelos próprios atos e sentimentos quando os atribui a forças vagas e impessoais; diagnóstico médico ou psicológico; ações dos outros; ordens de autoridades; pressão do grupo; regras institucionais; papéis determinados; impulsos incontroláveis. A violência nasce da crença de que as outras pessoas nos causam sofrimento e, portanto, devem ser punidas.”

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